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Releases / Lançamentos

  • General Villas Bôas: conversa com o comandante
    General Villas Bôas: conversa com o comandante

    Apresentação da obra por Celso Castro.

    Este livro é resultado da edição e posterior revisão de aproximadamente 13 horas de entrevistas que realizei com o general Villas Bôas, ao longo de cinco dias: 7, 8, 9 e 12 de agosto, e 4 de setembro de 2019.
    As entrevistas foram feitas em sua residência, em Brasília.
    Antes de sua realização, já conhecia o general, porém havia me encontrado rapidamente com ele em apenas três ocasiões, por motivos diversos. Nunca havíamos conversado a sós, nem sobre a possibilidade de uma entrevista. A notícia de que ele estava disposto a me conceder uma entrevista me foi transmitida pelo presidente da
    FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal, cerca de uma semana antes de realizarmos
    a primeira sessão. Embora o general conhecesse alguns de meus livros e soubesse de minha longa experiência de pesquisa sobr a instituição militar no Brasil, a ideia da entrevista e a concordância em fazê-la seguiram uma via institucional. A entrevista, desde o início, foi vista como uma iniciativa da FGV para registrar suas memórias,
    a exemplo de tantas outras já feitas pelo seu CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil), no qual trabalho há mais de três décadas.
    Um aspecto importante a ser destacado refere-se às condições em que a entrevista foi realizada. Como é público, o general sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), grave doença degenerativa, ainda sem cura e de causa desconhecida, que afeta o sistema nervoso, levando a uma paralisia motora progressiva e irreversível. Quando a
    entrevista foi realizada, a doença já lhe havia tirado a capacidade de movimentar-se. Além disso, ele necessitava de um equipamento de respiração permanentemente ligado, o que dificultava sua fala. Por esse motivo, ocasionalmente tínhamos de fazer breves interrupções durante as sessões, e os dias, horários e duração das entrevistas tiveram de se ajustar à agenda de cuidados médicos do general.
    Apesar dessa severa limitação física, o general estava com sua capacidade intelectual totalmente preservada e muito disposto a falar sobre sua vida. A dedicação que deu à entrevista, apesar das limitações físicas, foi impressionante. Um dos desdobramentos futuros da doença seria justamente a perda da capacidade de falar. Isso explica a urgência da entrevista: o curtíssimo tempo que tive entre a notícia de que ele gostaria de dar seu depoimento, o preparo do roteiro, as gravações, a transcrição e a edição em livro.
    A entrevista seguiu o modelo de uma história de vida, indo desde as origens familiares até o presente. Havia um interesse óbvio de falarmos sobre o período de quase quatro anos em que o general Villas Bôas foi comandante do Exército Brasileiro (5 de fevereiro de 2015 a 11 de janeiro de 2019), marcado por eventos decisivos e definidores da atual conjuntura política, como o segundo governo de Dilma Rousseff, seu impeachment, a assunção de Michel Temer à presidência, a prisão do ex-presidente Lula, as eleições de 2018, a eleição e o início de governo de Jair Bolsonaro. Decidi, contudo, não deixar de lado a narrativa de meu entrevistado a respeito de seus anos de formação, das experiências que teve ao longo da carreira militar e de suas ideias sobre o Exército e o país em geral, pois creio que são importantes para a compreensão mais densa de sua trajetória de vida e de suas ações.
    Diante das limitações já mencionadas, e de opções que tive de assumir durante o processo de entrevista, algumas passagens de sua vida foram tratadas de maneira mais rápida do que mereceriam. Ao final, contudo, ficamos com a sensação de que cobrimos de forma razoável os principais temas e conversamos sobre o que de mais relevante o general quis registrar como suas memórias.
    Desde o início já se pensava em transformar a entrevista em livro.
    Por esse motivo, a gravação foi transcrita e, em seguida, editada por mim em formato de livro. Na edição, procurei preservar a oralidade do texto, fruto de uma longa conversa. Busquei apenas tornar a leitura mais fluente, basicamente com a supressão de alguns vícios de linguagem e a junção de trechos que desenvolvessem, separadamente, as mesmas ideias. A ordem e o conteúdo das entrevistas, todavia, foram preservadas no que tinham de essencial, mantendo fidelidade ao que
    o entrevistado quis dizer.
    A versão por mim editada da entrevista foi enviada ao general Villas Bôas no final de setembro de 2019. Ele havia pedido para revê-la antes que déssemos continuidade ao processo editorial. Recebi de volta a versão revista no dia 5 de maio de 2020. Nesse intervalo de sete meses, encontrei-me com o general apenas uma vez, brevemente,
    no lançamento do Instituto Villas Bôas, em Brasília, dia 4 de dezembro de 2019. Ele já havia perdido a capacidade de falar, porém seus familiares e amigos mais próximos disseram que ele estava se dedicando com prioridade total à revisão do livro. De fato, observando a versão revista, e tendo em conta que todo o trabalho teve de ser feito
    por meio de tecnologias assistivas, às quais ele teve de se adaptar rapidamente,
    é possível constatar quão grande foi essa dedicação.
    Como resultado, o texto cresceu cerca de 30% em tamanho. O general incluiu a menção a vários casos e personagens de sua vida, principalmente na primeira metade do livro. Foram mantidas minhas perguntas, a estrutura de capítulos que eu havia montado e as notas explicativas, porém a revisão diminuiu a dose de oralidade característica das entrevistas, tornando o texto em geral mais formal.
    O livro, em sua versão final, deve ser visto, portanto, menos como uma transcrição literal da entrevista do que como um texto desenvolvido a partir dela. Contudo, o essencial de seu depoimento original foi preservado, acrescido da menção a alguns eventos e personagens, além de ter passado por alterações que buscaram, muitas vezes, desenvolver ideias que estavam apenas esboçadas.
    O mais importante é que temos, afinal, o que o general Villas Bôas quis deixar registrado como suas memórias a respeito de sua trajetória de vida, de suas ideias sobre a realidade nacional e de como vivenciou eventos políticos decisivos. Espero que o livro, enquanto uma fonte documental inédita, contribua para uma melhor compreensão sobre a história recente do Brasil, na visão do comandante de uma de suas instituições mais importantes.

  • Brasil em projetos: história dos sucessos políticos e planos de melhoramento do reino: da ilustração portuguesa à Independência do Brasil
    Brasil em projetos: história dos sucessos políticos e planos de melhoramento do reino: da ilustração portuguesa à Independência do Brasil

    FGV Editora lança o primeiro volume da coleção ‘Uma nova história do Brasil’

    A obra ‘Brasil em projetos: História dos sucessos políticos e planos de melhoramento do reino. Da ilustração portuguesa à Independência do Brasil’, do historiador Jurandir Malerba, oferece uma síntese da história do Brasil desde Reformismo Ilustrado até a Independência, a partir dos projetos traçados para o Brasil.

     

    Este livro trata da história dos planos, ideias, sistemas e projetos para o Brasil formulados pelas capas dominantes e dirigentes da administração portuguesa nas décadas que precedem a independência brasileira.

    Numa escrita dinâmica e fluida, e ao mesmo tempo consistente, Malerba analisa, interpreta e confere sentido a eventos, estruturas e visões de mundo de toda uma época. Ao longo da obra, alguns personagens ganham protagonismo na composição do enredo, restituídos na   complexidade de suas ideias e ações.

    Com as ferramentas teóricas de que dispunham, ideólogos e reformadores como D. Rodrigo de Sousa Coutinho, José da Silva Lisboa (visconde de Cairu) e José Bonifácio de Andrada e Silva, todos herdeiros intelectuais do Marques de Pombal e leais vassalos da Coroa Portuguesa, fizeram minuciosos diagnósticos dos problemas do Reino, e, a partir deles, elaboraram diversos planos para sua solução, sem poder antecipar que aquelas mesmas propostas viriam servir o novo país independente.

    As discussões, disputas e propostas formuladas e travadas por esses ideólogos e tantos outros homens em torno do destino do país repercutiam as ideias da ciência moderna e do liberalismo econômico, com vistas a “organizar” a sociedade, sua população, seu ordenamento jurídico-político; a ocupação do território e formas mais racionais de exploração de riquezas naturais e da força de trabalho; a produção econômica e a educação formal e técnica de jovens e adultos, além de potenciais modos de inserção na geopolítica e na economia-mundo antes mesmo de o Brasil tornar-se Brasil.

    Muitos desafios da agenda política, econômica e social que urgia nos últimos anos do Brasil na condição colonial e dos primeiros como país independente atravessaram dois séculos sem solução, e aquela agenda ainda reverbera ruidosamente nos dias atuais.

    Com prefácio do jornalista e biógrafo Lira Neto, esta obra publicada pela FGV Editora busca contar a história do Brasil de uma forma nova e acessível e ao mesmo tempo com o rigor acadêmico que evoca o nome de seu autor, Jurandir Malerba.

    Do prefácio de Lira Neto destacamos o seguinte trecho que bem define esta obra: “Entre tantos outros méritos, a presente obra cumpre funções capitais. Escrever com profundidade para leitores não necessariamente situados dentro da universidade é uma delas. Outra é conclamar os historiadores profissionais a elevar o nível do debate público, unindo o saber científico à participação. Por fim, a terceira — e talvez a mais importante —, demonstrar ao mercado editorial e aos profissionais de mídia que é possível oferecer um produto de qualidade que busque democratizar o conhecimento e, ao mesmo tempo, respeite a inteligência do leitor.”

    Para marcar este lançamento, o autor da obra, Jurandir Malerba, o autor do prefácio, Lira Neto, e as historiadoras Wlamyra Albuquerque, Heloisa Starling e Marieta de Moraes Ferreira se encontrão no dia 2 de outubro, às 18h, para um bate-papo sobre o Brasil e sua história.

     

    Brasil em projetos: História dos sucessos políticos e planos de melhoramento do reino. Da ilustração portuguesa à Independência do Brasil

    Jurandir Malerba

    Impresso em Novembro/2020

    Coleção: Uma nova história do Brasil

     

  • Gestão pública e saúde
    Gestão pública e saúde

    Editora FGV lança livro sobre gestão pública e saúde

     

    Diferenças e semelhanças entre as gestões pública e privada, corrupção, gestão pública e desafios e novas propostas para o SUS são tratados na obra de Ricardo de Oliveira

    A Editora FGV lança o livro Gestão pública e saúde, do especialista em planejamento de saúde, Ricardo Oliveira, que chega ao mercado em momento mais que oportuno. Uma crise mundial na saúde, provocada pelo novo coronavírus, chamou a atenção para a necessidade de termos sistemas de saúde sólidos e resilientes no mundo.

     

    A motivação para o livro surgiu das grandes manifestações popula­res, iniciadas em junho de 2013, quando a população cobrava melhoria dos serviços públicos, e do advento da Operação Lava-Jato, em 2014, com os escândalos de corrupção. O autor baseou o livro em sua passagem como secretário estadual de Saúde do Espírito Santo, entre de 2015 e 2018. Nele, apresenta suas experiências, visões e alternativas sobre o sistema de saúde brasileiro.

    Nos capítulos iniciais da obra, Ricardo Oliveira demonstra as diferenças entre a administração pública e a privada na saúde, a começar pela distinção das suas finalidades. Reflete ainda sobre as semelhanças que devem ser almejadas, como a maior eficiência na gestão pública, inspiradas nos modelos de gestão do setor privado.

    A partir da sua experiência, Ricardo debate questões relativas à gestão da saúde pública. O autor entra em defesa do SUS, que, como aponta, possui problemas que devem e podem ser solucionados com uma gestão mais eficiente. Para ele, superá-los depende de uma visão do conjunto dos problemas de assistência à saúde e de gestão. Além da unidade política entre o Ministério da Saúde, estados e municípios, para liderar e sustentar esse processo de melhoria, é preciso mobilizar os conselhos de classe, Poder Judiciário, Ministério Público, De­fensoria Pública e organismos que defendam os interesses dos usuários. Melhorar o SUS, de acordo com o autor “trata-se de uma tarefa coletiva, que envolve interesses de toda a sociedade”.

    As mazelas do Sistema vão além da corrupção e da má gestão. Ricardo aponta ainda o crescimento acelerado da judicialização da saúde, principalmente nos últimos cinco anos, e a necessidade de conter esse avanço e reduzi-lo a um nível aceitável. Em uma linguagem direta e prática, Gestão pública e saúde demonstra que as deficiências podem ser solucionadas numa ação articulada de curto, médio e longo prazos, que ultrapassa gestões governamentais.

    De acordo com o prefácio da obra, assinado pelo especialista Eugênio Vilaça MendesO SUS não é um problema sem solução; o SUS é uma solução com problemas”, e Ricardo de Oliveira nos aponta propostas para enfrentá-los.

     

    Para marcar este lançamento, o autor da obra, Ricardo de Oliveira, o economista Armínio Fraga e a médica e pesquisadora da UFRJ, Lígia Bahia, se encontrarão dia 13 de outubro para um bate-papo sobre as questões relacionadas aos problemas e possíveis soluções da gestão pública da saúde no Brasil.

     

  • A invenção do mercado: a formação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) segundo os seus primeiros presidentes (1976-1988)
    A invenção do mercado: a formação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) segundo os seus primeiros presidentes (1976-1988)

    Novo livro aborda criação e estruturação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

    A obra apresenta entrevistas e narrativas biográficas dos cinco primeiros presidentes responsáveis pela formação da CVM e pela “invenção” do mercado brasileiro

    A FGV Editora acaba de lançar o livro “A invenção do mercado: a formação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) segundo os seus primeiros presidentes (1976-1988)”. Na obra, os autores Izabel Nuñez e Paulo Augusto Franco revelam a “criação” e a estruturação da CVM sob as perspectivas de seus cinco primeiros presidentes através das entrevistas colhidas com Roberto Teixeira da Costa, Jorge Hilário Gouvêa Vieira, Adroaldo Moura da Silva, Victorio Fernando Bhering Cabral e Luís Octavio Carvalho da Motta Veiga, durante os anos de 2017-2018.

    Mais do que apresentar esta história em versão linear e ordenada, os autores trazem uma investigação a respeito dos sentidos percebidos pelos entrevistados e suas narrativas biográficas com as experiências concretas empregadas ao processo de formação do mercado de ações no Brasil.

    A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada e consolidada no momento em que a modernização conservadora brasileira atingia um alto grau de internacionalização da economia e o “milagre econômico” malograva. O livro igualmente fornece elementos para uma sociologia do grupo social a que pertencem os entrevistados, revelando, por exemplo, suas redes familiares e de amizade, seu treinamento no exterior (especialmente nos Estados Unidos) e sua atuação na iniciativa privada.

    A obra tem por objetivo apresentar, além da história da instituição em si, contribuições para a história do pensamento econômico e político brasileiro, tendo em mente, em especial, a necessidade de conferir clareza aos chamados grandes processos sociais, em busca das diversidades na lógica de grandes conceitos como o “mercado” e o “direito”.

  • O fascismo em camisas verdes: do integralismo ao neointegralismo
    O fascismo em camisas verdes: do integralismo ao neointegralismo

    FGV Editora lança obra sobre o integralismo e o neointegalismo

     

    Os autores Leandro Pereira Gonçalves e Odilon Caldeira Neto contam de forma didática para o grande público como foi a construção de parte da história do Brasil sob a influência do fascismo e os reflexos desta trajetória nos dias atuais.

     

                 “O fascismo em camisas verdes: do integralismo ao neointegralismo” é o livro que qualquer leitor pode acessar para compreender o atual momento em que o Brasil se encontra. Esta afirmação vem dos próprios autores da obra, Leandro Pereira Gonçalves e Odilon Caldeira Neto, professores de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “O livro tem uma escrita fluida, evidentemente baseada nos fatos históricos, mas sem a tradicional roupagem das publicações acadêmicas”, informa Leandro. “Inserimos bastante fotos e ilustrações que dialogam com o texto e facilitam a compreensão do leitor que não tem tanta intimidade com os conceitos historiográficos. A ideia é atingir a todos, sem exceção”, reforça Odilon. Esta proposta para elaboração de um material histórico voltado para o grande público ganhou o aval da FGV Editora e agora chega aos leitores.

                O livro traça a história do fascismo no Brasil desde sua origem, com Plínio Salgado, Gustavo Barroso e Miguel Reale, até às ações mais recentes, como o ataque à produtora Porta dos Fundos. Este evento foi considerado pelos autores como a mola propulsora para a elaboração do material. Isso porque, nas buscas policiais aos responsáveis pelo ataque à sede da produtora, a polícia apreendeu simulacros de armas, facas e mais de 100 mil Reais, além de livros relacionados com o universo da extrema direita: de Plínio Salgado a Olavo de Carvalho, cujo nome circula com frequência nas redes sociais e conversas do cotidiano.

    “Compreender a atualidade significa mergulhar no nosso passado”, revela Odilon. E esta “viagem no tempo” é feita nas páginas do livro. Os autores elucidam como foi a trajetória do integralismo, cujo principal líder foi Plínio Salgado, registrando que “no início o movimento era organizado sob influência do fascismo original”, como destaca Leandro.

    Na época, o futuro líder dos camisas-verdes, como era conhecido o movimento integralista no Brasil, se relacionou face a face com Benito Mussolini, líder dos fascistas italianos, os camisas-negras. Plínio Salgado seria a “versão brasileira” de Mussolini e se autodenominava gênio, dando aos intelectuais um papel de destaque nesse novo Brasil.

    O projeto de Plínio era audacioso e visava levar as ideias integralistas adiante. Para isso, fundou a AIB (Ação Integralista Brasileira), em 1932, por meio do Manifesto de Outubro, com elogios à autoridade, críticas aos partidos políticos e ao “perigo vermelho” do comunismo. Os integralistas faziam denúncias de uma conspiração contra o Brasil, apresentavam propostas de um programa social para defender a família conservadora, bem como um Estado de tipo fascista, o Estado Integral - fazendo uso do lema “Deus, pátria e família” - e consolidavam, entre os seguidores, gestos, bandeiras e símbolos (o Sigma, de volta às ruas com os neointegralistas), vestimentas (camisas verdes) e saudação própria, como o Anauê.

    Baseado nestes lemas e posturas, o integralismo arrebatou centenas de milhares de apoiadores. No início, conquistou certa simpatia do então presidente Getúlio Vargas e esta relação, marcada por idas e vindas, é contada em detalhes no livro. O movimento chegou, inclusive, a planejar o assassinato de Vargas no Palácio Guanabara, em uma cena incomum, com vários integralistas mortos, enquanto o líder dos camisas-verdes, Plínio Salgado, acompanhava os relatos em São Paulo, afastado de qualquer perigo.

                Outro fato retratado no livro é a captura de Plínio Salgado, tempos depois, considerado um episódio singular na História. O líder integralista foi preso na Fortaleza de Santa Cruz e se autoexilou em Portugal. Retornou ao Brasil com um novo projeto de partido político, fundamentado no integralismo, que deu apoio ao golpe de 1964 e à construção da ditadura civil-militar. “A trajetória de Plínio é o retrato do movimento integralista do Brasil, cercado de acordos e alianças e repleto de adeptos e entusiastas, muitos deles intelectuais, como o poeta Vinícius de Moraes, que chegou a colaborar com a imprensa do movimento”, avaliam os autores Leandro e Odilon.

                 A morte de Plínio Salgado em 1975 parecia ser a pá de cal no movimento. O falecimento do líder do integralismo foi lamentado por muitos políticos importantes, entre eles, Ulysses Guimarães. Mas, a saída de cena de Plínio acabou dando lugar ao neointegralismo, que buscou manter acesa a chama dos ideais fascistas dos camisas-verdes. Os autores justificam no livro esta tendência já em 1975 com fatos que se estenderam até 2001. Leandro Gonçalves diz que “neste período, os neointegralistas se relacionaram com diversas tendências da extrema direita brasileira e internacional, e muitas vezes flertaram abertamente com o neonazismo”.

                O livro “O fascismo em camisas verdes: do integralismo ao neointegralismo” traça o panorama histórico de forma leve e dinâmica até chegar no ano de 2004. Após este período, de acordo com os autores, os neointegralistas realizaram um grande evento em busca da unificação. Esta ação, no entanto, provocou o que eles consideram uma “disputa”. Odilon justifica que “diversos grupos passaram a brigar pela herança da Ação Integralista Brasileira”.

    Como consequência da disputa, nos últimos anos esses movimentos radicalizaram suas ações, consideradas pelos autores do livro como fruto da agitação da extrema direita brasileira, que culminou com a eleição de Jair Bolsonaro. Um desses grupos neointegralistas foi responsável pelo ataque à Produtora Porta dos Fundos no Natal de 2019.

    Atualmente, os movimentos do neointegralismo são compostos por diversos grupos que mantém uma intensa agenda de radicalização política. Os autores comentam que seus temas giram em torno do conservadorismo, da misoginia, do antissemitismo e da crítica aos partidos políticos. “Os grupos são atuantes e têm alcance e força nas redes sociais e nas ruas, e ganham cada vez mais adeptos”, ratificam Leandro e Odilon, e vale ressaltar que, de acordo com levantamento recente, só no mês de maio de 2020 mais de 200 novos grupos de tendência e conteúdo neonazista, com objetivos bem próximos aos neointegralistas, criaram páginas na internet.

    O livro descreve a caminhada do integralismo e suas bases para o neointegralismo, que também conta com apoios de lideranças políticas em toda a sua história e dessa perspectiva não ficam de fora as relações do movimento com o bolsonarismo e até as questões que envolvem integralismo e a pandemia de Covid-19.

    O lançamento está marcado para o dia 14 de julho, às 18h. O evento segue a tendência do momento e acontece por meio de uma Webinar, com transmissão ao vivo, reunindo os autores e o jornalista Octávio Guedes, que assina o prefácio. A conversa vai elucidar nosso momento atual e ainda alimentar as conversas do cotidiano a partir das páginas de “O fascismo em camisas verdes: do integralismo ao neointegralismo”.

  • Brasil 1982-2019: uma coletânea de artigos na área de economia
    Brasil 1982-2019: uma coletânea de artigos na área de economia

    Editora FGV lança coletânea de artigos sobre a economia brasileira

     

    O diretor da FGV EPGE, Rubens Penha Cysne, seleciona uma série de artigos sobre a economia brasileira escritos durante mais de três décadas

     

    Uma série de artigos do economista Rubens Penha Cysne publicados na imprensa brasileira entre os anos de 1982 e 2019 são reunidos no livro Brasil 1982-2019: uma coletânea de artigos na área de economia, publicado pela Editora FGV em parceria com a Escola Brasileira de Economia e Finanças, FGV EPGE.

    O enfoque analítico utilizado na obra é relativo à análise macroeconômica, mas há textos que apresentam uma abordagem mais ampla, envolvendo ideias pertinentes a áreas das ciências sociais afins à economia.

    Os artigos desta coletânea são divididos entre as décadas abordadas - 1980, 1990, 2000 e 2010 - de acordo com a data de publicação na imprensa e, em uma segunda divisão, com base em um índice de grandes temas, que cobrem assuntos de ordem fiscal, previdenciária, regulatória, monetária e cambial.

    Planos de estabilização, reformas econômicas, equilíbrio das contas externas, pobreza, desigualdade, crescimento e inflação também são temas abordados nos artigos, a exemplo da evolução da inflação e tentativas de reduzi-la ocorridas no período de 1982 e 1994 e os sete planos de econômicos que antecederam o Plano Real.

    Brasil 1982-2019: uma coletânea de artigos na área de economia chega em formato digital, já disponível no site da Editora FGV, bem como nas lojas da Apple, Amazon e GooglePlay, e será lançado no formato impresso após o período crítico de isolamento social.